quarta-feira, 1 de agosto de 2012

TREINAMENTO EM SUSPENSÃO (TRX) NA REABILITAÇÃO FUNCIONAL



Um programa de reabilitação é vital para o retorno de uma função após uma lesão articular. Como em qualquer lesão, a reabilitação deve ser direcionada para a redução da inflamação e da dor, um retorno à amplitude e flexibilidade normais do movimento e a restauração da força através dos exercícios de reabilitação tradicional.

A reabilitação pode ser desempenhada de maneiras diferentes, em que são enfocadas qualidades físicas distintas. A reabilitação através da terapia física enfatiza principalmente as qualidades físicas como força e flexibilidade, e a reabilitação funcional incorpora não apenas os elementos da terapia física como também as atividades para aumentar agilidade, a sensibilidade proprioceptiva e o controle neuromuscular.

Tem sido documentado que a restauração nos déficits de força, flexibilidade e potência pode não ser suficiente para retornar um indivíduo ao seu nível pré-lesivo, sendo necessário um trabalho funcional onde preconiza-se a restauração da atividade muscular reflexa e as características condicionantes exigidas pelas atividades que o indivíduo realizará.

Quatro facetas devem ser realizadas para que as metas da reabilitação sejam alcançadas. São elas:

1- Consciência proprioceptiva: as metas da consciência proprioceptiva são restabelecer os caminhos aferentes dos mecanorreceptores das articulações lesionadas para o sistema nervoso central e facilitar os caminhos aferentes suplementares, como um mecanismo compensatório para os déficits proprioceptivos que resultaram as lesões articulares.

2- Estabilização dinâmica: nesta fase da reabilitação, a meta primária é restabelecer a coativação sinérgica das forças presentes nas articulações. Comumente se acredita que exercícios utilizando o peso do corpo na extremidade superior facilitam um nível de coativação das forças musculares.

3- Ativação muscular preparatória e reflexa: a meta nessa fase de reabilitação é restabelecer a ativação preparatória que fornece a estabilidade articular através de um aumento na rigidez muscular, tão bem quanto uma força age sobre uma articulação.

4- Atividades funcionais: a façanha final da reabilitação funcional é a inclusão das atividades que imitam as funções atléticas e/ou das atividades da vida diária e, por essa razão, o retorno para realizar uma transição pode ser menos estressante para o indivíduo. É importante implementar especificidades quando é programada a atividade funcional.

A fase funcional da reabilitação deve ser precedida por uma progressão da fase da terapia física tradicional que assegure a restauração do movimento articular e a força e resistência muscular. As restaurações dessas características devem preceder as atividades funcionais que são específicas das atividades cotidianas ou do esporte. Durante a fase funcional da reabilitação, é importante que a pessoa continue realizando exercícios de forças específicas, amplitudes de movimentos e exercícios proprioceptivos que foram iniciados nas fases anteriores de reabilitação.

APLICAÇÕES DO TREINAMENTO EM SUSPENSÃO NA REABILITAÇÃO FUNCIONAL

Os exercícios realizados com o treinamento em suspensão objetivam a restauração da estabilidade funcional. A estabilidade funcional refere-se à integração dos estabilizadores articulares primários e secundários para permitir cinéticas articulares normais durantes as atividades dinâmicas. Os exercícios em suspensão aumentam a habilidade muscular para fornecer estabilidade articular e refinar padrões de movimentos. Portanto esses exercícios são muito funcionais e estação relacionados na redução de lesão e aumento do desempenho.

Além de também ser capaz de reproduzir muitos exercícios terapêuticos tradicionais, o treinamento em suspensão envolve o core, em todos os exercícios. Esse engajamento do corpo inteiro é, em parte sob o controle voluntário, embora os desafios para o equilíbrio e a para estabilidade dependem de feedbacks que promovem ajustes e controles antecipatórios. A maior solicitação do core é importante para educação do movimento integrado que é semelhante aos movimentos realizados no dia a dia de uma pessoa comum, como para um atleta.

Nas extremidades superiores e inferiores, os exercícios do treinamento em suspensão são predominantemente cadeia cinética fechada (CCF). Em comparação com o exercício de cadeia cinética aberta (CCA), exercícios em CCF resultam em maior estabilidade articular e diminuição da força de cisalhamento através de co-contração/co-ativação muscular aumentadas.

Dependendo da fase da reabilitação e necessidades do indivíduo, os exercícios realizados em suspensão podem ser modificados para dar mais ênfase nas adaptações de controle de motor, consciência corporal e coordenação motora que para adaptações teciduais específicas, como a hipertrofia por exemplo.

Durante a realização dos exercícios em suspensão são utilizados diversos planos de movimentos, com isso, as forças musculares e articulares são distribuídas por todo o corpo, resultando em uma ativação muscular menor local, mais com uma maior solicitação de estabilização geral, caracterizando um trabalho corporal integrado mais espefícico e funcional.

Encontrar atividades que proporcionem confiança e progresso no exercício
é importante para o sucesso em longo prazo de qualquer  programa de reabilitação. Cada vez mais, profissionais de reabilitação física estão encontrando no treinamento em suspensão através da utilização do peso corporal uma ampla gama de variações de cargas incluindo o corpo inteiro em cada exercício, desafiando o equilíbrio e estabilidade, facilitando um maior controle neuromuscular e proprioceptivo.

Com o treinamento suspenso, os níveis de ativação muscular e cargas articulares podem ser adaptados através da variação do ângulo do corpo e do nível de estabilidade para cada exercício. Com base no estágio do paciente de cura e objetivos, o treinamento em suspensão pode ser usado como uma excelente alternativa para agregar mais funcionalidades nos programas de reabilitação. Ao incorporar exercícios que utilizam todo o corpo, as forças musculares serão compartilhadas entre suas estruturas estimulando a propriocepção, melhorando a percepção do paciente sobre seu corpo.